sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Roda de torcedores veteranos


“O Goytão hoje ganha, o Goytão hoje ganha!”

É com esse otimismo que começa a reunião fiel dos amigos Jonas Márcio, Izalvo e Marcos Vinícius, que quando podem se reúnem para falar de uma grande paixão em comum, o Goytacaz Futebol Clube.
Os três companheiros se conhecem há anos, mas, mesmo depois de tantos encontros, é como se fosse à primeira vez. A começar pelo astral, logo se percebe o entrosamento do trio. Ao se veem os olhos brilham, a respiração é profunda e abraços fortes e fraternos são compartilhados. Os encontros são definidos não só pra ouvir a uma partida de futebol, mas também, como uma forma de trocar informações de experiências de vida.
Em um sábado de sol, por volta das 16h, os amigos se reúnem para acompanhar mais uma partida decisiva do amado Alvianil. Como o tempo estava quente, local de concentração foi alterado. Desta vez uma praça pública do bairro onde moram foi escolhida de propósito, para aproveitar a tarde que estava tão bonita. O clima estava calmo e descontraído. Todos sentados em um dos bancos embaixo de uma mangueira, que com a colaboração da corrente do vento garantiu o frescor ao fim da tarde.
Passados alguns minutos, o silêncio se faz presente, até que de repente, um deles diz: “Tá na hora! Liga o radinho, que o mais querido do Brasil vai entrar em campo”!
Rapidamente, Jonas, responsável pela transmissão do jogo, renovação a bateria, programação da estação e do monitoramento de toda a partida liga o aparelho. Do outro lado, ouve-se o que todo torcedor sente orgulho de ouvir: “E acaba de entrar campo, o Goytacaz Futebol Clube”.
Os três fazem silêncio e com os olhos fixos ao aparelho, como se fosse possível enxergar o que é narrado, escutam todo o anúncio feito pelo locutor. Só depois de trinta segundos vem a reação. Em clima de arquibancada de estádio, todos pulam abraçados e cantando alto, proclamam seu amor ao time. Na hora, quem passa para, intrigado com o que está acontecendo. O porquê da gritaria.
“Goyta, você é a minha vida, você é a minha história, você é o meu amor ô...”
Começa o jogo, os olhares se voltam para diversas direções. As mãos começam a suar e cada frase pronunciada pela transmissão chega aos ouvidos, tão forte e intensa como uma avalanche. Na partida, o Alvianil disputa com o Bonsucesso. Um jogo decisivo para o time da famosa Rua do Gás, que precisa vencer para continuar com chances de se classificar para a copa Rio.
No primeiro tempo, o time se mantém estável e consegue manter o 0X0, mesmo com as investidas do oponente. O árbitro apita. Fim do primeiro tempo e alívio, ao menos por enquanto, dos amigos que só após ouvirem o som característico, conseguem respirar aliviados.
No Leonidas da Silva, estádio onde a partida acontece, a hora é de relaxar e esperar o segundo tempo, mas para os amigos era hora do lanche. Não demorou muito para o Marcos Vinícius pegar um pote redondo, enrolado em uma tolha de prato simples, cheio de gostosuras, como coxinha de frango, bolinho de aipim e quibe, que certamente foram feitos por uma salgadeira do bairro, ou quem sabe a esposa. Para acompanhar o lanche nada saudável, uma Coca-cola que aos olhos, parece estar bem gelada.
Em um pit stop, Izalvo, o mais velho do grupo faz questão de falar sobre o tempo em que colaborou com seus próprios pés para o crescimento do Clube.
“Como o hino já diz, Goytacaz é vida e amor. Sou torcedor há mais de 50 anos, eu vi e vivi muitas coisas durante esse tempo. Fui agraciado com a chance de jogar no time em 1963, entrei no juvenil. Infelizmente não fiz carreira, mas o prazer e a alegria de poder ter participado dessa história ninguém nesse mundo pode me tirar.” Relembrou o torcedor.
O segundo tempo começa, a expectativa da vitória é grande, mas quando menos se espera ecoa o grito contínuo do locutor: “Goool, do Bonsucesso.”
Na mesma hora, o semblante confiante dá lugar à indignação e à revolta entre os amigos. Fim da partida, com o resultado que nenhum torcedor, fanático ou não, tem prazer de saber. Placar final da partida: Bonsucesso 1, Goytacaz 0. O gol da vitória foi feito por Alex Alves.
Entre mortos e feridos salvaram-se todos. Aos amigos e quase irmãos Jonas, Vinícius e Izalvo restou o prazer da oportunidade de estarem juntos mais uma vez e para todos, essa é a parte mais importante. O encontro e a presença de cada um, mesmo que por algumas horas. A cada encontro um novo olhar, uma nova emoção, mas ao Goyta, um só sentimento.
“Nós temos tanto a lhe falar, mas com palavras não sabemos dizer, como é grande o nosso amor por você, Goytacaz...”.

Por Mayara Fernandes

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